Lixo e Purpurina

E a paixão parece crescer cada vez mais.

O  dia amanheceu, e lá estava ela mais uma vez. Com os cotovelos apoiados no balcão segurava a face e sonhava com ele e a cada barulho da porta e arraste de cadeira ela olhava ligeiramente, pensando em ser ele outra vez. Ela trabalhou até tarde aquele dia e ainda chovia muito, como na noite anterior, as horas foram lentamente passando e quando ja eram 22h ela perdeu a esperança de encontra-lo naquele mesmo dia, murchou coitadinha, foi como o orvalho da manhã com o sol do meio dia. Como eu disse antes, ela trabalho até tarde e quando saia, meio atrapalhada com seu guarda chuva esbarrou em alguém. Quem seria?

Sim,ele mesmo! Também estava atrapalhado e protegendo papéis, papéis que já estavam completamente molhados, andava depressa, não percebeu o esbarrão na moça, aliás não percebeu nem que havia um mundo ali à sua volta. Ela ficou paralisada em meio a calçada e olhava para trás, sua expressão era inexplicável, sentia-se feliz por ter o visto, mas insatisfação e tristeza por não ter notado sua presença, Continuou lentamente seu trajeto até em casa e chovia muito mais forte agora, ela pensava em cenas românticas de filmes que assistira semanas, meses atrás e imaginava-se com ele nessas cenas. Mas como já imaginava tudo isso? Como ja se apaixonou assim de uma hora para outra, por um sujeitinho que conheceu ontem? Nem tinha o conhecido na verdade, pois não sabe nem o nome, nem idade e muito menos o estado civil. E se ele fosse um maníaco, um homicida? Assassino?  Não, com certeza um maníaco, homicida e assassino não usariam roupas daquele jeito e nem se preocupam com papéis molhados.

E mais uma vez a mocinha chegou em casa com os pensamentos longe, nem percebeu que estava toda molhada e que seu sapato enchera d´agua de todas as poças que passara também sem perceber.

Tati Lemos