(...) todos os relógios estão parados, não sei se é ontem, se hoje ou amanhã, se é sempre, e nunca mais, estou solta aqui, completamente só, não há relógios, não há relógios e o tempo avança liberto, sem fronteiras nem limitações, uma bola de arame farpado, o sentimento vai se adensando em mim, transborda dos olhos, das mãos, sai pela boca em forma de fumaça, sinto meus lábios ressequidos, machucados, o gosto amargo, a bola cresce estendendo tentáculos, no meio dela eu me encolho cada vez mais, presa num círculo que cresce até explodir na vontade contida de gritar bem alto, bem fundo, rouca, exausta, correndo, esmagando as folhas de um outro outono, de um outro tempo, ainda este, o tempo, o outono, a tarde, o mundo, a esfera, a espera em que estou pra sempre presa.
Caio Fernando Abreu, in Inventário do ir-remediável
Obrigada querida ++'
ResponderExcluiradoro os textos do Caio :D
ResponderExcluirEle é simplesmente perfeito!
ResponderExcluirSabio Caio!
ResponderExcluirLindo seu post querida!
Beijos
Belo texto!
ResponderExcluirBeijos
que lindo hein,, Adoro seu blog !:D
ResponderExcluirBelo! :)
ResponderExcluirótiima semana pra ti flor;
:*
Os textos do Caio me encantam, sempre!
ResponderExcluirLindo texto.
Grande beijo
http://elefantedeporcelana.blogspot.com